Dando seguimento ao tópico anterior, vaguemos por mais uma temática decadente.
Deparei-me, à uma temporada para cá, com certo vídeo na qual um senhor, conhecido como Pastor Josué Yrion, dava uma calorosa palestra a uma audiência que como escutando o próprio Messias, bebia emocionadamente as suas palavras.
Qual a sabedoria que o Pastor queria partilhar connosco? Mostrar-nos o elevado nível de bruxaria, satanismo, pornografia e espiritismo invocados pelos filmes do Walt Disney.
Ora vejamos. Numa entrada triunfal, o Pastor Josué acusa o filme "A Pequena Sereia" de ser referência ao cinema para adultos. As imagens não enganam:
De facto tenho que dar o braço a torcer. Vasculho em memórias há muito perdidas, e de repente recordo-me do momento ao qual nos meus quatro anos de idade, após uma profunda reflexão de duas horas a olhar para a capa do VHS, ter existido um clique e exclamado triunfalmente: "Ah! Isto parece com um mangalho!". Continuando, volta o padre a rematar:
"De trás da música "Kiss The Girl", há um grupo de jamaicanos que fala palavras africanas para amaldiçoar quem assiste o filme"
Confesso que não percebo o que o coro canta, mas tenho confiança no Pastor Yrion. Certamente que é um excelente afrikaans speaker, vendo-se pelo seu domínio exímio do inglês. Adiante, ao longo da palestra o pastor Yrion continua o seu ataque à Disney. Gostaria de destacar algumas das suas frases:
"Pocahontas é uma palavra indígena que significa "espírito do abismo". Quando dizemos "Pocahontas", estamos a chamar o diabo"
"O Rei Leão é o filme mais sujo, mais perverso e mais carregado de violência que alguma vez existiu. As crianças que assistem hoje o Rei Leão são os assassinos de amanhã"
"Quando o Rei Leão bate com as patas no chão, as partículas de pó formam a palavra "SEX""
É escandaloso. Isto é troça do trabalho dos professores de Língua Portuguesa deste país. É deitar abaixo o estudo da nossa língua ensinando a palavra "seis" em alemão. Indo à parte que realmente importa, para o fim o Pastor acaba com um:
"Agora a Disney criou dois Mickey Mouse Gays e duas Miney Mouse Lésbicas"
Ora ai está uma ideia. Seria certamente um rebuliço se fosse verdade (o que não é), mas até seria uma subtileza aos jovens que poderia ajudar um pouco numa mudança de mentalidades.
Servindo-me do pouco sumo que se consegue aproveitar das alarvices do Pastor Josué Yrion, ás grandes companhias de entretenimento juvenil não deveria existir uma maior obrigação social de expor e lidar com aquilo que é diferente? Até quando é preciso andar de olhos fechados?