6.3.10

The Bloom Box

Apelidado por muitos como o novo Santo Graal das energias limpas, a Bloom Box traz a promessa de grandes e interessantes mudanças nos sistemas actuais de produção e distribuição de electricidade. E se fosse possível ter uma pequena caixa no nosso quintal a fornecer toda a electricidade que precisaríamos para a nossa habitação?

28.2.10

O Escravo

Há lugares no mundo onde a felicidade está condenada.

Cinzento. Em toda a sua volta, um cinzento mar de pedras.
Cinzento. Um cinzento tão morto e frio que destruíra todas as outras cores em redor. Ou talvez elas simplesmente não lá estivessem.
Sim, pois se ele olhasse para as suas mãos, veria a pele pardacenta. Pardacenta como a sua picareta, pardacenta como os seus companheiros.
E foi neles que se focou. Nos crânios carecas, nos rostos vincados prematuramente, nos membros cansados, no tronco magro, e acima de tudo, nos olhos encovados.
Se os olhos eram o espelho da alma, então eles não tinham alma.
Como que traído pela curta divagação, falhou o próximo golpe da picareta.
A ínfima quebra do ininterrupto tinir de ferro em pedra transferiu todos os olhares, mortos e vivos, para si.
Os mortos surpreendiam-no. E os vivos aterrorizavam-no. Não apenas o olhar, mas também as barrigas gordas cuja pele oleosa era espremida em enormes rugas, que quase engoliam as apertadas correias causadoras do efeito. E também as caras esculpidas em fealdade, de narizes esborrachados, triplos queixos, orelhas rasgadas e bocas escancaradas de dentes partidos e podres. E principalmente os machados riscados que abanavam nas tangas sujas, a única peça de indumentária que aquelas criaturas, os Guardas, portavam.
 — Deixaste cair a picareta, escravo. — Constatou um dos Guardas, surpreso, numa voz rouca de desuso.
O coração do escravo retumbou numa explosão de medo e euforia. Nos momentos em que permitira a mente divagar, sonhara com isto. Com atenção, com importância. E finalmente, pela primeira vez, tinha toda a atenção centrada em si.
Não fosse o terror, poderia ter desfrutado da sensação. Mas a euforia apenas servia para lhe comprimir as cordas vocais, espremendo a resposta para fora da sua garganta num arquejo trémulo: 
— Sim.
— Ele fala. — Falou outro Guarda, indistinguível de todos os outros. 
— Olhem para o rosto dele. — Murmurou um terceiro. 
— É... diferente dos outros. — Afirmou ainda outro.
Como se o último comentário fosse uma ordem de execução, cem machados brandiram-se no ar.
Entre uma batida de coração e um inspirar instintivo, o escravo captou um vislumbre das suas feições, espelhadas no metal de um dos machados.
Ele era diferente dos outros... o  nariz era maior, a boca mais pequena, os maxilares mais pronunciados, as sobrancelhas menos carregadas e os olhos maiores e mais vivos.
Um sorriso transfigurou a sua expressão, auxiliado pelo cerrar dos olhos que antecipava a lâmina de um machado com satisfação resignada.
Mas o silvar da lâmina a cortar o ar se deixou ouvir, o escravo sentiu algo mais juntar-se à fileira de emoções em desuso.
Vontade de viver.
Desviou-se no último momento, não cedendo ao machado mais que uma laceração superficial no seu pescoço. Recuou um passo, com uma esperança deslocada na sua situação.
Ou talvez ela não estivesse assim tão deslocada, pois excepto o seu, todos os olhares estavam agora fixos em algo ao seu lado.
Incerto ao que sentir quanto à perda de atenção dos companheiros e inimigos, o escravo seguiu o trilho invisível dos olhares.
E o seu coração pareceu tentar escapar-lhe pela garganta, qual foi o choque, o esplendor, o fascínio, da visão que não se sentia arrependido de partilhar, tão única e surreal que era.
O sangue roubado pelo machado polvilhara a rocha que ainda há pouco era minada afincadamente, com inúmeros pontos vermelhos. Um desses pontos, uma gota maior que as outras, escorreu, marcando o seu trajecto de delicioso vermelho.
Vermelho, vermelho, vermelho. Um vermelho tão vivo e tão belo, um vermelho que os enchia de sensações há muito esquecidas, ou nunca sentidas. Naquele momento, o vermelho era tudo, o vermelho era a vida de todos e cada um, o vermelho unia-os inconscientemente.
E destoando de novo, o escravo que originara tudo aquilo resistiu à hipnose da cor com todas as suas forças. Pois no fundo da sua mente, num qualquer cofre portador de memórias ou sonhos, algo o enchia de promessas. Promessas de algo melhor que aquele vermelho.
Era difícil de imaginar, mas era tão bom apenas fazê-lo... Quase o distraía do vermelho. E se fosse verdade, como seria provar?
O libertar dos seus olhos da rocha acinzentou cruelmente o seu mundo.
Mas não o dos outros, constatou, ao começar a caminhar.
A caminhada depressa se transformou numa marcha apressada, num correr lento, numa corrida.
Desenfreada, desesperada, inspirada. Os seus ombros embatiam ocasionalmente em alguém, os seus pés escorregavam em outros.
Ainda ignorado, começou a trepar a colina que antecedia o muro agora vazio.
E foi contra esse mesmo muro que chocou. Os dedos rasparam a pedra dura, procurando algo em que se fincar. Eventualmente encontraram, ou melhor, cavaram. Pois o muro já estava velho e a cair, até ao momento, os guardas nunca haviam precisado dele.
O escravo que estava prestes a deixar de o ser içou-se, e com o recém descoberto apoio para os pés, começou a trepar.
Desiludiu-se com a visão que do topo do muro se lhe deparava. A paisagem era tão dura e pardacenta como a pedreira. Mas isso não chegava para o fazer desistir.
Saltou, amortecendo a queda com uma cambalhota desajeitada.
Por muito distante que o aparente cinzento horizonte fosse, alcançá-lo-ia.

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Um trabalho já com algum tempo que se encontra inacabado. Por outro lado, prende-se a vontade de deixar-lo mesmo assim com a questão no ar. Será acreditar que é sempre possível uma mudança ou apenas um desejo de um tolo?

17.2.10

Tracey is WRONG

 

Lamento pela pequena nerdice, mas não resisti.

13.2.10

Emaranhar

Sinto-me saudoso. 
Saudoso de um sitio ao qual nunca pertenci verdadeiramente, mas que me é tão familiar.
Saudoso de histórias que nunca foram as minhas, mas é como se as tivesse vivido. 
Saudoso de ficar preso, de ficar emaranhado pela minhas origens.

Sem mais rodeios, eis o motivo de tanto saudosismo:


Nasci e sempre vivi dentro da zona suburbana de Lisboa. Foi aqui que cresci, que me ambientei, que estabeleci as minhas primeiras amizades. Contudo, mesmo apesar destes factos, o legado de pertencer a uma família fortemente beirã sempre ocupou uma parte significativa de mim.

Vejamos que numa idade mais tenra, é o género de coisas que nem se perde verdadeiramente tempo a reflectir. Contudo, já com mais alguns anos em cima da espinha, e com mais alguma sensatez desde então (espero eu), existe todo um conjunto de pequenos detalhes que começam a chamar finalmente a atenção para estas particularidades na nossa história.

Um evento desses aconteceu-me há uns tempo, numa ocasião onde um velho amigo meu passou de visita por minha casa. Como seria de esperar, foi uma oportunidade para colocar conversa em dia e bem, quando damos por nós, já se estava em cima da hora de jantar. Convido o amigo para ficar para comer e ele aceita, como tantas outras vezes que o tinha feito, demasiadas para ter ideias de uma conta. Chega a hora da refeição e, já sentados, a minha mãe coloca no centro da mesa um tabuleiro enorme de maranhos, ao qual o meu amigo deita uma olhar desconfiado. O diálogo que se seguiu foi algo deste género:

Eu: "Olha lá banana, podias ter dito que não gostavas de maranhos."
Ele: "Ah! É assim que se chama? Nunca vi isto pela frente pá."
Eu: "Não acredito. Estás a gozar!"

Na verdade já estava tão habituado ao ver um maranho no prato, para mim já era algo tão banal que tal não foi a minha incredulidade a encontrar alguém que nunca tivesse visto sequer um, como passear pela rua e dar de repente com alguém que ainda acredita-se que a terra era plana. Ora bem, um maranho na verdade não é mais  que um enchido muito típico da Beira Baixa, na qual a um bucho (estômago) de uma cabra é colocado lá dentro arroz, carne, eventualmente presunto, e um forte condimento de hortelã para mais tarde levar a cozer.

Devido ao facto de todos os ingredientes estarem "presos" dentro do estômago, deriva o nome da especialidade, explicando igualmente uma expressão muito comum da região, quando se avisa alguém para "não se deixar emaranhar". Enfim, verdade seja, depois do meu amigo provar (e gostar) do maranho, nunca mais olhei para um como uma simples refeição. Abrindo-me os olhos também para outros detalhes, chamem-me maluco, mas além do sabor muito próprio que aconselho a todos a provar, sabe-me sempre a algo mais. 

Sabe-me a parte da minha história. E sinto saudades de voltar a reviver-la!

11.2.10

Quando o Mário e o Luigi dão a curva errada...

... e vão parar a Vice City, a cidade do GTA onde TUDO acontece, dá-se isto:



Para os mais despistados, a referência que se dá no final a Racoon City diz respeito à cidade da sequela do Resident Evil.

6.2.10

Brincar com a fé

Devo dizer que por momentos fiquei seriamente na dúvida de colocar aqui ou não este tópico. Mexer com a religião ou com as crenças de qualquer pessoa tem sempre muito que se lhe diga. Sendo uma linha tão fina, e facilmente transgredivel mesmo que às vezes sem verdadeiras intenções de o fazer, acho importante destacar desde cedo que o objectivo deste post não é o de ofender ninguém e que lamento se alguém sentir-se incomodado perante o assunto.

Ora bem, há coisa de poucos dias deparei-me com este mini-jogo denominado por Faith Fighter. Com um misto de incredulidade e algum riso, experimentei o jogo para encontrar uma versão semelhante ao velho Mortal Kombat, num confronto entre as figuras icónicas de cada uma das religiões com mais seguidores no mundo. Cada personagem do jogo tem acesso a um conjunto de habilidades únicas, quase todas elas alusivas a conceitos ou dogmas associados à religião em causa (veja-se a imagem abaixo, onde um Jesus atira um projéctil kamehameha em forma de pomba do espírito santo a um Buddha que lança uma roda kármica).


Contudo, após o tempo de jogo, surge-me uma forte questão: até que ponto um jogo deste género, que mexe com fortes conteúdos religiosos, é verdadeiramente inofensivo ou ofensivo de modo a permitir, suponhamos, a sua comercialização? 
Por um lado, lendo o aviso à entrada do jogo, reconheço os objectivos dos seus criadores: mostrar aos jogadores como as religiões e as representações sagradas são frequentemente utilizadas por motivos para inflamar e justificar o conflito entre as diferentes nações ou pessoas. É uma crítica social, utilizando talvez mecanismos pouco habituais mas que tem o seu interessante ponto de vista.

Depois existe o aspecto das figuras que aparecem no jogo. Falando pelo menos na imagem de Jesus Cristo, não foi a primeira e não será certamente a ultima vez que a sua figura é utilizada em diferentes manisfestações artísticas e culturais, seja ela no cinema, literatura, pintura, teatro,etc... Sabendo que os resultados destas manifestações têm sido mais ou menos polémicas, variando pela sua qualidade e impacto na sociedade, o que tornaria um jogo deste género tão diferente aos casos anteriores?

Contudo, no outro prato da balança, temos a sociedade de hoje, num período histórico onde o confronto do mundo ocidental e oriental está tão aceso, um retorno à época das guerras santas e das velhas cruzadas. E veja-se o caso europeu, no conflito que tem sido para cada país da comunidade europeia a criação de um estado laico onde a diversidade cultural e religiosa seja aceite. Não parece-me que um jogo do tipo puxe muito pela compreensão das diferentes partes.

Mais estranho que isso, como é possível conseliar a noção de dogma e a interactividade de um jogo de computador, sem rondar o ridículo? A realização dos próprios milagres, lidar com personagens que poderiam ser interpretadas como mártires, poder dar a hipótese ao jogador de alterar a própria história da figura religiosa em foco, a ideia da existência de um "Game Over"...

Não sei, mas parece-me que todos os pequenos pormenores tornar-se-iam em pouco tempo num verdadeiro barril de pólvora. Pessoalmente, espero que seja uma batalha que a indústria dos videojogos tenha o bom senso de manter-se longe, ao contrário deste mini-jogo. Senão seria blasfémia. E das grandes!

27.1.10

Please don't stop the music!

A meio de Julho, ano de 1518 na cidade de Estrasburgo em França, uma mulher saí para a rua e começa simplesmente a dançar. Não parou. Sozinha, ao sabor dos elementos continuou dia e noite, sem comer, sem beber, sem descanso, non-stop... até morrer ou de ataque cardíaco ou de exaustão.

Poderia ter sido um acto isolado de loucura e a história acabar por ai, mas não foi assim que se passou. Na verdade a festa estava apenas a começar pois apenas ao fim de uma semana, mais 100 pessoas não tinham sucumbido igualmente à irresistível tentação de darem os seus passos de dança. Mais gente começa a cair, mas ainda mais gente começa a dançar. E o mundo parece subitamente virado ao contrário.

As autoridades da cidade começam a desesperar. Que seria? Possessão demoníaca em larga escala? Alguém atira para ar que talvez a causa fosse natural e um sangramento trata-se do assunto. As autoridades preferiram pensar que não. A única forma daquelas pessoas recuperarem juízo seria se dançassem dia e noite até desistirem por si. Para encorajar então a dança, abrem mercados e palcos de madeira para criar mais espaço de dança, contratam propositadamente músicos para tocar tambores e flauta sobre 24 horas, pagam a profissionais de dança para manter aquelas pessoas sempre em movimento e de pé.

Catastrófico. Para final de Agosto, cerca de 400 pessoas tinham experimentado e sucumbido aquela estranha demência. Amainou finalmente a meados de Setembro, levando para a terra a maioria dos seus dançarinos.

Perdura a questão: o que poderia levar um grupo de pessoas, aparentemente saudáveis, a  perderem subitamente a sua racionalidade e decidirem dançar até à sua morte? Num contexto actual, continua a não existir verdadeiro consenso dos porquês. Uma teoria avança que os dançarinos teriam ingerido grão ergotizado, uma intoxicação causado por um fungo que ataca o sistema nervoso funcionando como uma versão artesanal de LSD,  levando posteriormente em alguns casos a coma/morte. Seria uma versão plausível, contudo o ergotismo tipicamente provoca o corte de sangue nos membros da extremidade, tornando os movimentos coordenados extremamente complicados, quanto muito para a dança dias a fio.

Não referindo a possessão espiritual como uma hipótese, o caso de um ataque de histeria em massa acabaria por ser talvez a explicação mais racional, já que a população pobre de Estrasburgo poderia estar sujeita a níveis muito elevados de stress, com a ocorrência frequente de fome, surtos de doenças a e alguma instabilidade religiosa. Tendo a vida desfeita, com poucos ou nenhuns motivos para continuar a lutar-la, a dança poderia servir como escape. Contudo esta teoria em si continua a falhar explicar o porquê de levar o caso até pontos tão extremos. Fica assim o mistério sobre a questão no ar...

De qualquer modo se no vosso caso ao chegar o fim de semana e, após uma semana dura e cheia de trabalho, sentirem uma vontade inexplicável de gastar todas as vossas energias a dançar, desconfiem por um momento. Não vá o diabo tecer-las e terem apanhado a febre!



25.1.10

Alguém hoje...




...  teve demasiada curiosidade em espreitar o interior de um certo carro.

22.1.10

Jogo do empurra

Quando queremos uma semana que seja isto:




E recebemos isto:




Simplesmente esplêndido.

17.1.10

Guerra é guerra!

É terrível.
Imagens de destruição e morte.
É estar presente com aquilo que o ser humano tem de pior mas consegue fazer de melhor.
 
As motivações nem sempre são as mesmas. Por ódio, por deus, pela honra, pela cobiça...
Pelo que for. Não obstante algo é certo. Guerra é guerra!

Ou talvez não... Diz o ditado:  "Quem vai à guerra, dá e leva". Mas e se ninguém dar e levar e for guerra à mesma?

Foi precisamente esse o caso da guerra que opôs a Holanda às Ilhas da Scilly (localizadas na costa sul do Reino Unido), com o impressionante número de casualidades de zero, sem um único tiro disparado ao longo dos seus modestos 335 anos de existência (1651-1986).

Estranho caso que mesmo com uma origem plausível para o conflito (relacionado com  uma das guerras civis inglesas, com alguns membros de uma das facções a procurar refúgio nas ilhas) , não se torna perceptível como perdura tanto tempo. Sendo um conflito tão acesso e intenso, pergunto-me simplesmente se ao fim de um século do conflito, se por exemplo um holandês se lembraria que deveria odiar profundamente um cidadão scilliense (se é assim sequer que se diz) já que estaria hipoteticamente em guerra com ele.

Outro caso igualmente inquietante de passividade foi a "Pig War", um episódio de guerra disputado entre as autoridades Britânicas e Norte-Americanas em 1859, relacionado com o posicionamento de uma fronteira entre as duas companhias, um evento que foi disparado pelo lançamento de um porco e que resultou no final num conflito sem vitimas (excepto o porco, que coitado daria uns bons enchidos).

Vejamos, poderiam até serem casos exemplares de como resolver um confronto de ideologias/perspectivas sem derramamento de sangue. Contudo a mim parece-me  que em ambos casos (e sabendo que existirão certamente outros), apenas se procura um pretexto para guerra. Pela adrenalina, pela emoção, pelo ódio de estimação, não sei. Mas imagino como tornaria o nosso quotidiano tão mais divertido ao abrir hostilidades com todas aquelas pessoas que não gostamos ou apenas procuramos um motivo para espicaçar.

Assim sendo, está decidido. Estou oficialmente em guerra com vocês, caros leitores deste espaço! De fazer o favor de trazerem respectivamente as vossas espadas, pistolas ou comentários aguçados num duelo até à morte do tópico.



14.1.10

Confronto Matinal

Estando de momento em horário de expediente, apenas uma referência ao artigo "Quem quer casar com a Carochinha?" da sra. Maria João Lopo de Carvalho que pode ser encontrado na edição deste dia do jornal Metro ou mesmo aqui.

Mais tarde, com a oportunidade de tempo, desbravo melhor o dito.

12.1.10

Criaturas do tenebroso imaginário humano fazem greve de fome

Imagino eu que seriam as suas reacções, depois de verem isto:



Não há pachorra. Afinal a Organização Mundial de Saúde enganou-se em declarar a Gripe A como pandemia. Esta febre do vampirismo... Vá lá senhores argumentistas, existem outras criaturas igualmente interessantes. Porque não fazer uma série do Homem do Saco?

De qualquer modo, depois do degredo do Crepúsculo e isto da TVI, bem pode o senhor Bram Stokes andar  ás voltas na sua campa. Até diria mais: Oh volta Duckula, estás perdoado!

9.1.10

IG-NOBEL

Premiam-se génios, premiam-se excêntricos, premiam-se intelectuais, até se premiam presidentes pelo sucesso, por a nobreza de espírito, por conseguirem deixar o seu marco na civilização...

Mas então que lugar fica aos perdedores, aos falhados que a história depressa esquece o nome? Bem na verdade fica no mesmo sitio, mas alguns destes tem um dia a hipótese de vir a receber um IG-NOBEL.

Tal como o seu primo afastado, os IG-NOBEL são atribuídos anualmente, premiando os vencedores de acordo com uma temática especifica, numa cerimónia marcante com diversos membros respeitados e conceituados da comunidade intelectual. A que se brinda? Aos protagonistas dos eventos mais surreais e humorísticos do ano, aos responsáveis dos projectos cientificos mais estapafúrdios e idiotas, todo o género de coisas nonsense demonstradas pelo ser humano mas que no fundo, mesmo bem lá no fundo, acabam por tornar-se interessantes pontos de reflexão sobre a sua utilidade ou motivação.

Mostro só alguns exemplos das atribuições ao longo da existência destes prémios, podendo a listagem completa ser espreitada por exemplo aqui.

-1994- Mathematics - Presented to The Southern Baptist Church of Alabama, mathematical measurers of morality, for their county-by-county estimate of how many Alabama citizens will go to Hell if they don't repent.
-1998- Meteorology - Presented to Bernard Vonnegut of the State University of New York at Albany, for his report, "Chicken Plucking as Measure of Tornado Wind Speed."
-2002- Biology - Presented to Norma E. Bubier, Charles G.M. Paxton, Phil Bowers, and D. Charles Deeming of the United Kingdom , for their report "Courtship Behaviour of Ostriches Towards Humans Under Farming Conditions in Britain".
-2007- Peace - The United States Air Force Wright Laboratory in Dayton, Ohio, for suggesting the research and development of a "gay bomb", which would cause enemy troops to become sexually attracted to each other.
-2009- Public Health - Elena N. Bodnar, Raphael C. Lee, and Sandra Marijan of Chicago, US, for inventing a bra that can be quickly converted into a pair of gas masks - one for the wearer and one to be given to a needy bystander.




A estes "ignóbeis" não consigo deixar de sentir alguma admiração pela sua motivação. Acho que alguns casos é mesmo preciso ter muito amor naquilo que se trabalha, para explorar temáticas tão insanas. Ou será estigma social em catalogar-las como tal?

6.1.10

Descubra a falácia...

Premissas:
-  Todos os caminhos dão a Roma.
-  Todos os caminhos dão à Worten.

Conclusão
- Todos os caminhos dão à Worten de Roma!

5.1.10

O Poço da Loucura

Não era de noite, não relampejava, não chovia, não se via sequer uma nuvem no céu. O vento não uivava e os ramos das poucas árvores existentes não abanavam. Não muito longe um cavaleiro que nunca vislumbrara um cavalo caminhava lentamente. Não tinha passado por muitas batalhas, não estava ferido, nem sequer estava sujo. Não partia de sua casa, pelo contrário, voltava. De repente um vulto negro feito de nada materializou-se á sua frente tomando a forma de uma não muito nova nem muito bonita bruxa. Ela não tirou a sua varinha, não lançou um feitiço nem invocou um dragão. Não se afastou, aproximou-se e sussurrou ao ouvido do cavaleiro.
 
- Aviso-te eu, nobre cavaleiro, da tua pobre sina. Não, não, na tua cidade não houve uma chacina! No seu poço uma poção foi vazada. A água, pelo seu novo sabor, será celebrada. Mas um outro efeito foi posto pela bruxa cruel, efeito este que saberá a fel. Todos os da tua cidade ficarão loucos, doidos e malucos. Enfim, ficarão caducos.

Dito isto não desapareceu, não pegou na sua vassoura e não começou a voar. Não, foi-se embora simplesmente a caminhar. O cavaleiro solitário prosseguiu caminho. Não subiu a altos montes, não atravessou quentes desertos, não andou por lugares tenebrosos, nem sequer fez feitos venturosos. Apenas prosseguiu caminho.

Chegou finalmente á sua cidade. Subiu ao alto de um monte e gritou á multidão.
- Estais todos loucos, caminhais para a perdição!

Mas eles, moucos, não prestavam atenção. O cavaleiro não gritou, não chamou a atenção. Se queria ser ouvido tinha de usar a imaginação. Baixou a sua voz até ao limite da audição e novamente repetiu:
- Estais todos loucos, caminhais para a perdição.

Desta vez todos o ouviram, olharam uns para os outros e brevemente concluíram.
- Este homem está louco, não segue os princípios da multidão. Vamos prendê-lo antes que provoque confusão.

Não vieram guardas, nem soldados, nem sequer outros cavaleiros para o prender. Voluntariamente decidiu ir para a prisão viver. Após dias de clausura o cavaleiro chegou a uma conclusão: Num mundo governado por doidos considera-se louco o são.

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Da minha autoria.
Não sendo uma pessoa da área de letras, a escrita de pequenos contos acaba por ser uma actividade que ocasionalmente me dá um gozo tremendo. Criticas e reparos do que modificar/melhorar são mais que bem vindas!

2.1.10

Where The Hell is Wal... errr, Matt?



Soberbo!

Countdown to...




Pois é, depois da contagem de anteontem, só faltava mais esta. Estreia dia 2 de Fevereiro a nova e última temporada desta incrível série na qual muita coisa poderia ser dita, mas que me vou restringir a muito pouco.

Verdade seja, sempre achei que a série tivesse sido em geral mal interpretada pela audiência. Perguntam certamente algumas pessoas: "Como se consegue fazer seis temporadas de uma série de sobrevivência? E qual o objectivo daqueles elementos surreais que ocasionalmente aparecem?"

É preciso olhar sobre o prisma correcto. É uma série de ficção cientifica? Sim. Tem elementos de survival? Certamente. Mas é muito mais que isso. O que é LOST então?

LOST não é mais que um conjunto de histórias paralelas que embatem no mesmo: redenção. Explora-se o âmago do ser humano naquilo que ele consegue fazer de melhor e pior, confronta-se  diferentes crenças e ideologias, caracterizam-se momentos de pura felicidade ou desgraça, todo um fervilhar de emoções que assistimos num leque vasto e multi-cultural de personagens. É uma série com um tom sombrio. Mostra-se que existe sempre consequências ás decisões tomadas.

Pessoalmente sendo esse um dos aspectos que mais a valorizo, para concluir apenas desejo que venha um final amargo, longe do "felizes para sempre". Porque a realidade é sempre mais crua que isso.