27.1.10

Please don't stop the music!

A meio de Julho, ano de 1518 na cidade de Estrasburgo em França, uma mulher saí para a rua e começa simplesmente a dançar. Não parou. Sozinha, ao sabor dos elementos continuou dia e noite, sem comer, sem beber, sem descanso, non-stop... até morrer ou de ataque cardíaco ou de exaustão.

Poderia ter sido um acto isolado de loucura e a história acabar por ai, mas não foi assim que se passou. Na verdade a festa estava apenas a começar pois apenas ao fim de uma semana, mais 100 pessoas não tinham sucumbido igualmente à irresistível tentação de darem os seus passos de dança. Mais gente começa a cair, mas ainda mais gente começa a dançar. E o mundo parece subitamente virado ao contrário.

As autoridades da cidade começam a desesperar. Que seria? Possessão demoníaca em larga escala? Alguém atira para ar que talvez a causa fosse natural e um sangramento trata-se do assunto. As autoridades preferiram pensar que não. A única forma daquelas pessoas recuperarem juízo seria se dançassem dia e noite até desistirem por si. Para encorajar então a dança, abrem mercados e palcos de madeira para criar mais espaço de dança, contratam propositadamente músicos para tocar tambores e flauta sobre 24 horas, pagam a profissionais de dança para manter aquelas pessoas sempre em movimento e de pé.

Catastrófico. Para final de Agosto, cerca de 400 pessoas tinham experimentado e sucumbido aquela estranha demência. Amainou finalmente a meados de Setembro, levando para a terra a maioria dos seus dançarinos.

Perdura a questão: o que poderia levar um grupo de pessoas, aparentemente saudáveis, a  perderem subitamente a sua racionalidade e decidirem dançar até à sua morte? Num contexto actual, continua a não existir verdadeiro consenso dos porquês. Uma teoria avança que os dançarinos teriam ingerido grão ergotizado, uma intoxicação causado por um fungo que ataca o sistema nervoso funcionando como uma versão artesanal de LSD,  levando posteriormente em alguns casos a coma/morte. Seria uma versão plausível, contudo o ergotismo tipicamente provoca o corte de sangue nos membros da extremidade, tornando os movimentos coordenados extremamente complicados, quanto muito para a dança dias a fio.

Não referindo a possessão espiritual como uma hipótese, o caso de um ataque de histeria em massa acabaria por ser talvez a explicação mais racional, já que a população pobre de Estrasburgo poderia estar sujeita a níveis muito elevados de stress, com a ocorrência frequente de fome, surtos de doenças a e alguma instabilidade religiosa. Tendo a vida desfeita, com poucos ou nenhuns motivos para continuar a lutar-la, a dança poderia servir como escape. Contudo esta teoria em si continua a falhar explicar o porquê de levar o caso até pontos tão extremos. Fica assim o mistério sobre a questão no ar...

De qualquer modo se no vosso caso ao chegar o fim de semana e, após uma semana dura e cheia de trabalho, sentirem uma vontade inexplicável de gastar todas as vossas energias a dançar, desconfiem por um momento. Não vá o diabo tecer-las e terem apanhado a febre!



25.1.10

Alguém hoje...




...  teve demasiada curiosidade em espreitar o interior de um certo carro.

22.1.10

Jogo do empurra

Quando queremos uma semana que seja isto:




E recebemos isto:




Simplesmente esplêndido.

17.1.10

Guerra é guerra!

É terrível.
Imagens de destruição e morte.
É estar presente com aquilo que o ser humano tem de pior mas consegue fazer de melhor.
 
As motivações nem sempre são as mesmas. Por ódio, por deus, pela honra, pela cobiça...
Pelo que for. Não obstante algo é certo. Guerra é guerra!

Ou talvez não... Diz o ditado:  "Quem vai à guerra, dá e leva". Mas e se ninguém dar e levar e for guerra à mesma?

Foi precisamente esse o caso da guerra que opôs a Holanda às Ilhas da Scilly (localizadas na costa sul do Reino Unido), com o impressionante número de casualidades de zero, sem um único tiro disparado ao longo dos seus modestos 335 anos de existência (1651-1986).

Estranho caso que mesmo com uma origem plausível para o conflito (relacionado com  uma das guerras civis inglesas, com alguns membros de uma das facções a procurar refúgio nas ilhas) , não se torna perceptível como perdura tanto tempo. Sendo um conflito tão acesso e intenso, pergunto-me simplesmente se ao fim de um século do conflito, se por exemplo um holandês se lembraria que deveria odiar profundamente um cidadão scilliense (se é assim sequer que se diz) já que estaria hipoteticamente em guerra com ele.

Outro caso igualmente inquietante de passividade foi a "Pig War", um episódio de guerra disputado entre as autoridades Britânicas e Norte-Americanas em 1859, relacionado com o posicionamento de uma fronteira entre as duas companhias, um evento que foi disparado pelo lançamento de um porco e que resultou no final num conflito sem vitimas (excepto o porco, que coitado daria uns bons enchidos).

Vejamos, poderiam até serem casos exemplares de como resolver um confronto de ideologias/perspectivas sem derramamento de sangue. Contudo a mim parece-me  que em ambos casos (e sabendo que existirão certamente outros), apenas se procura um pretexto para guerra. Pela adrenalina, pela emoção, pelo ódio de estimação, não sei. Mas imagino como tornaria o nosso quotidiano tão mais divertido ao abrir hostilidades com todas aquelas pessoas que não gostamos ou apenas procuramos um motivo para espicaçar.

Assim sendo, está decidido. Estou oficialmente em guerra com vocês, caros leitores deste espaço! De fazer o favor de trazerem respectivamente as vossas espadas, pistolas ou comentários aguçados num duelo até à morte do tópico.



14.1.10

Confronto Matinal

Estando de momento em horário de expediente, apenas uma referência ao artigo "Quem quer casar com a Carochinha?" da sra. Maria João Lopo de Carvalho que pode ser encontrado na edição deste dia do jornal Metro ou mesmo aqui.

Mais tarde, com a oportunidade de tempo, desbravo melhor o dito.

12.1.10

Criaturas do tenebroso imaginário humano fazem greve de fome

Imagino eu que seriam as suas reacções, depois de verem isto:



Não há pachorra. Afinal a Organização Mundial de Saúde enganou-se em declarar a Gripe A como pandemia. Esta febre do vampirismo... Vá lá senhores argumentistas, existem outras criaturas igualmente interessantes. Porque não fazer uma série do Homem do Saco?

De qualquer modo, depois do degredo do Crepúsculo e isto da TVI, bem pode o senhor Bram Stokes andar  ás voltas na sua campa. Até diria mais: Oh volta Duckula, estás perdoado!

9.1.10

IG-NOBEL

Premiam-se génios, premiam-se excêntricos, premiam-se intelectuais, até se premiam presidentes pelo sucesso, por a nobreza de espírito, por conseguirem deixar o seu marco na civilização...

Mas então que lugar fica aos perdedores, aos falhados que a história depressa esquece o nome? Bem na verdade fica no mesmo sitio, mas alguns destes tem um dia a hipótese de vir a receber um IG-NOBEL.

Tal como o seu primo afastado, os IG-NOBEL são atribuídos anualmente, premiando os vencedores de acordo com uma temática especifica, numa cerimónia marcante com diversos membros respeitados e conceituados da comunidade intelectual. A que se brinda? Aos protagonistas dos eventos mais surreais e humorísticos do ano, aos responsáveis dos projectos cientificos mais estapafúrdios e idiotas, todo o género de coisas nonsense demonstradas pelo ser humano mas que no fundo, mesmo bem lá no fundo, acabam por tornar-se interessantes pontos de reflexão sobre a sua utilidade ou motivação.

Mostro só alguns exemplos das atribuições ao longo da existência destes prémios, podendo a listagem completa ser espreitada por exemplo aqui.

-1994- Mathematics - Presented to The Southern Baptist Church of Alabama, mathematical measurers of morality, for their county-by-county estimate of how many Alabama citizens will go to Hell if they don't repent.
-1998- Meteorology - Presented to Bernard Vonnegut of the State University of New York at Albany, for his report, "Chicken Plucking as Measure of Tornado Wind Speed."
-2002- Biology - Presented to Norma E. Bubier, Charles G.M. Paxton, Phil Bowers, and D. Charles Deeming of the United Kingdom , for their report "Courtship Behaviour of Ostriches Towards Humans Under Farming Conditions in Britain".
-2007- Peace - The United States Air Force Wright Laboratory in Dayton, Ohio, for suggesting the research and development of a "gay bomb", which would cause enemy troops to become sexually attracted to each other.
-2009- Public Health - Elena N. Bodnar, Raphael C. Lee, and Sandra Marijan of Chicago, US, for inventing a bra that can be quickly converted into a pair of gas masks - one for the wearer and one to be given to a needy bystander.




A estes "ignóbeis" não consigo deixar de sentir alguma admiração pela sua motivação. Acho que alguns casos é mesmo preciso ter muito amor naquilo que se trabalha, para explorar temáticas tão insanas. Ou será estigma social em catalogar-las como tal?

6.1.10

Descubra a falácia...

Premissas:
-  Todos os caminhos dão a Roma.
-  Todos os caminhos dão à Worten.

Conclusão
- Todos os caminhos dão à Worten de Roma!

5.1.10

O Poço da Loucura

Não era de noite, não relampejava, não chovia, não se via sequer uma nuvem no céu. O vento não uivava e os ramos das poucas árvores existentes não abanavam. Não muito longe um cavaleiro que nunca vislumbrara um cavalo caminhava lentamente. Não tinha passado por muitas batalhas, não estava ferido, nem sequer estava sujo. Não partia de sua casa, pelo contrário, voltava. De repente um vulto negro feito de nada materializou-se á sua frente tomando a forma de uma não muito nova nem muito bonita bruxa. Ela não tirou a sua varinha, não lançou um feitiço nem invocou um dragão. Não se afastou, aproximou-se e sussurrou ao ouvido do cavaleiro.
 
- Aviso-te eu, nobre cavaleiro, da tua pobre sina. Não, não, na tua cidade não houve uma chacina! No seu poço uma poção foi vazada. A água, pelo seu novo sabor, será celebrada. Mas um outro efeito foi posto pela bruxa cruel, efeito este que saberá a fel. Todos os da tua cidade ficarão loucos, doidos e malucos. Enfim, ficarão caducos.

Dito isto não desapareceu, não pegou na sua vassoura e não começou a voar. Não, foi-se embora simplesmente a caminhar. O cavaleiro solitário prosseguiu caminho. Não subiu a altos montes, não atravessou quentes desertos, não andou por lugares tenebrosos, nem sequer fez feitos venturosos. Apenas prosseguiu caminho.

Chegou finalmente á sua cidade. Subiu ao alto de um monte e gritou á multidão.
- Estais todos loucos, caminhais para a perdição!

Mas eles, moucos, não prestavam atenção. O cavaleiro não gritou, não chamou a atenção. Se queria ser ouvido tinha de usar a imaginação. Baixou a sua voz até ao limite da audição e novamente repetiu:
- Estais todos loucos, caminhais para a perdição.

Desta vez todos o ouviram, olharam uns para os outros e brevemente concluíram.
- Este homem está louco, não segue os princípios da multidão. Vamos prendê-lo antes que provoque confusão.

Não vieram guardas, nem soldados, nem sequer outros cavaleiros para o prender. Voluntariamente decidiu ir para a prisão viver. Após dias de clausura o cavaleiro chegou a uma conclusão: Num mundo governado por doidos considera-se louco o são.

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Da minha autoria.
Não sendo uma pessoa da área de letras, a escrita de pequenos contos acaba por ser uma actividade que ocasionalmente me dá um gozo tremendo. Criticas e reparos do que modificar/melhorar são mais que bem vindas!

2.1.10

Where The Hell is Wal... errr, Matt?



Soberbo!

Countdown to...




Pois é, depois da contagem de anteontem, só faltava mais esta. Estreia dia 2 de Fevereiro a nova e última temporada desta incrível série na qual muita coisa poderia ser dita, mas que me vou restringir a muito pouco.

Verdade seja, sempre achei que a série tivesse sido em geral mal interpretada pela audiência. Perguntam certamente algumas pessoas: "Como se consegue fazer seis temporadas de uma série de sobrevivência? E qual o objectivo daqueles elementos surreais que ocasionalmente aparecem?"

É preciso olhar sobre o prisma correcto. É uma série de ficção cientifica? Sim. Tem elementos de survival? Certamente. Mas é muito mais que isso. O que é LOST então?

LOST não é mais que um conjunto de histórias paralelas que embatem no mesmo: redenção. Explora-se o âmago do ser humano naquilo que ele consegue fazer de melhor e pior, confronta-se  diferentes crenças e ideologias, caracterizam-se momentos de pura felicidade ou desgraça, todo um fervilhar de emoções que assistimos num leque vasto e multi-cultural de personagens. É uma série com um tom sombrio. Mostra-se que existe sempre consequências ás decisões tomadas.

Pessoalmente sendo esse um dos aspectos que mais a valorizo, para concluir apenas desejo que venha um final amargo, longe do "felizes para sempre". Porque a realidade é sempre mais crua que isso.